Dizendo o que queremos dizer

[…] se pudermos encontrar caracteres ou signos próprios para exprimir todos os nossos pensamentos, tão nítida e exatamente como a aritmética exprime os números, ou a análise geométrica exprime as linhas, poderemos fazer em todas as matérias, enquanto estão sujeitas ao raciocínio, tudo o que pode ser alcançado em Aritmética e em Geometria.

Gottfried Wilhelm von Leibniz (1646-1716)

Compreender o que se passa nos pensamentos e sentimentos humanos e comunicar isso é uma tarefa árdua, para a qual não somos adequadamente preparados. Aprendemos um idioma, a nomear objetos, aprendemos a escrever, estudamos uma gramática, uma ortografia, todo com o objetivo de comunicar com clareza.

No entanto, quando o que queremos comunicar são percepções subjetivas, pensamentos, sentimentos ou interpretações, nos deparamos com pelo menos dois problemas:

  • Nem sempre sabemos exatamente o que estamos sentindo;
  • Não temos certeza de como o outro, o receptor da mensagem, entendeu a mensagem.

Quando aprendemos a nomear objetos, coisas que estão no mundo, somos corrigidos se chamamos, por exemplo, um dromedário de camelo, ou se dizemos que o morcego é uma ave (dado que é um mamífero).

No entanto, só apreendemos a nomear nossos sentimentos a partir da percepção do outro. São os outros que nos dizem, ao observar nosso comportamento e reações, que estamos felizes, tristes, com raiva ou frustrados. Nós, sujeitos que sentimos, apenas sentimos as sensações, e emitimos um comportamento que parece adequado. É a partir do outro que passamos a nomear os diferentes conjuntos de sensações: aperto no peito, pressão na cabeça e lágrimas nos olhos significam tristeza, por exemplo.

Agora imagine-se sair do local onde está e encontrar uma pessoa querida com os olhos cobertos de lágrimas. Você é induzido(a) a acreditar que a pessoa está triste. Não lhe ocorreria, por exemplo, que ele ou ela estivesse cortando cebolas, que irritaram seus olhos e geraram uma reação meramente orgânica, sem fundo emocional.

O primeiro passo da Comunicação Não Violenta é “Observar sem julgar”.

Por isso trago a intenção de Leibniz em criar uma língua universal, objetiva como a matemática, em que pudéssemos expressar por símbolos inequívocos nossos pensamentos.

Ele não chegou a desenvolver tal linguagem mas deixa provocações interessantes, a partir das quais gostaria de ouvir a sua percepção:

  • Você costuma refletir e falar sobre seus sentimentos?
  • Quando o faz, sente que conseguiu transmitir o que pensa ou sente?
  • Como o outro recebe sua fala?

Por favor deixe seus comentário. Tenho certeza que será valoroso para os demais.

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