Katiele Fisher ajudou a fundar um marco na história da Cannabis no Brasil
Katiele de Bortoli Fischer, de 38 anos, achou que a transformação na vida da sua família já tinha acontecido após, enfim, encontrar na Cannabis o tratamento da sua filha Anny Fischer, hoje com 12 anos, que, em 2012, recebeu o diagnóstico da síndrome CDKL5. Porém, o que ela não imaginava é que a história de sua família se tornaria um símbolo da luta pela Cannabis medicinal no Brasil.
Na clandestinidade, a família Fischer medicava a filha com óleo vindo dos EUA enviado por um conhecido. Com a Cannabis, Anny, que chegou a ter 80 convulsões por semana e não andava e nem se alimentava, voltava a ter qualidade de vida.
Porém, até chegar neste momento, muita água já tinha passado por baixo da ponte. Busca por conhecimento, quebra de preconceitos e desconfianças, superação de medos…a lista de batalhas era longa.
Então, um dia, Katiele recebe o telefonema de um repórter da revista Super Interessante, que estava elaborando um especial sobre a Cannabis e suas vertentes, entre elas, a medicinal.
Desconfiada, a mãe de Anny achou que era uma investigação policial, mas do outro lado da linha era o jornalista Tarso Araújo, querendo contar a história de Anny. Katiele e sua família decidiram que aquela seria uma ótima oportunidade para falar sobre os benefícios da planta, com a qual estavam encantados por conta das maravilhas que tinha feito na vida da caçula.
A repercussão foi imediata. Todos queriam saber mais sobre como a maconha ajudava no tratamento da pequena Anny. Foi então que o jornalista Tarso Araújo entrou em contato novamente, mas, agora, o convite era ainda mais especial.
O jornalista convidou os Fischer para gravar um documentário sobre Anny e a Cannabis. Na confiança do trabalho do jornalista, a família aceitou o convite. Assim surgiu: Ilegal, a Vida Não Espera, que narra a história da mãe de Anny, Katiele, e de outras famílias ligadas à luta pela liberação do uso medicinal da planta.
Não demorou muito e a história da família Fischer foi parar no dominical Fantástico, da Rede Globo, momento considerado um marco para a história da Cannabis medicinal no Brasil. A maconha estava ali, sendo colocada como opção de tratamento médico para uma criança diante de milhares de brasileiros em rede nacional.
Katiele recebeu uma avalanche, como ela mesmo diz, de mensagens do Brasil inteiro. Pessoas contando suas tristes histórias sobre seus entes queridos que agonizavam com crises convulsivas entre outros sintomas das mais diversas patologias.
Hoje, a cada mensagem que Katiele recebe de uma mãe contando que conseguiu melhorar a vida do seu filho a partir do conhecimento da história de Anny, o coração dos Fischer fica “quentinho”.
Os ataques sofridos não superam as mensagens de carinho e esperança que Katiele recebe até hoje por ter tido a coragem de contar a sua saga em busca de qualidade de vida para sua filha.